Tradução de “Touring”, poema de Audre Lorde

tammuzs
2 min readNov 18, 2019
Fac-símile da capa primeira edição da revista Some, publicada em 1972.
Fac-símile da capa da primeira edição da Revista Some, de 1972.

De publicação irregular, Some foi publicada de 1972 à 1981 em Brooklyn, Nova York. Alguns de seus exemplares estão disponíveis na Memorial Library da Universidade de Wisconsin — Madison e na Universidade de Buffalo.

Touring”, de Audre Lorde, foi publicado pela primira vez na nona edição da Revista Some, em 1978. Também está disponível no livro “The collected poems of Audre Lorde” (W. W. Norton & Company, 2000).

Fac-símile da página 70 da nona edição da Revista Some. Nela, Audre Lorde fala sobre leituras e explica como surgiu o poema “
Fac-símile da página 70 da nona edição da Revista Some. Nela, Audre Lorde fala sobre leituras e explica como surgiu o poema “Touring”.

Leituras. Acho que são como sanguessugas e recompensadoras, alternadamente e juntas, então as aproxime sempre com entusiasmo e pavor. Drenagem e Manutenção. Contato e Caos. Elas custam muito de mim; particularmente, recentemente decidi deixar de ser sábia e cuidadosa e agora leio o que precisa ser lido e ouvido, e às vezes é ouvido, às vezes não, e quando não, dói no lugar que mantenho sempre aberto. “Touring” é um dos poemas que, recentemente, nasceram disso.

Fac-símile da página 71 da nona edição da Revista Some contendo o poema “Touring”, de Audre Lorde.
Fac-símile da página 71 da nona edição da Revista Some contendo o poema “Touring”, de Audre Lorde.

Excursando

Entrando e saindo de cidades
onde passo um ou dois dias
me vendendo
onde passo uma ou duas noites
em camas que não têm tempo para caber em mim
entrando e saindo de cidades
muito rápido
para ser tocada por sua magia
Eu queimo
para longe das camas que não me cabem
Eu saio saciada
mas sem sentir
qualquer textura da casa que invadi
por convite
Eu saio
com um senso perturbador
do núcleo duro da carne
perdida
o que é verdadeiramente revelador.

Deixo poemas para trás
soltando-os como sementes escuras que
nunca vou colher
que eu nunca vou lamentar
se elas são destruídos
eles pagam por um presente
que não aceitei

Entrando e saindo das cidades
intocada por sua magia
Eu penso sem sentir
Isto é o que os homens fazem
tentam alguma conexão
e falham
e deixam
cinco dólares em cima da mesa

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Tradução e notas de Thamires Zabotto.

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