Tradução de “Winter”, de Timothy Liu

tammuzs
3 min readMay 29, 2019
Foto de Timothy Liu por de Jonathan G. Silin para Particular Voices: Portraits of Gay and Lesbian Writers, de Robert Giard.

Timothy Liu é um poeta americano e autor de livros como Bending the Mind Around the Dream’s Blown Fuse, For Dust Thou Art, Of Thee I Sing, Hard Evidence, Say Goodnight, Burnt Offerings e Vox Angelica. Também editou Word of Mouth: An Anthology of Gay American Poetry, que abrange uma vasta gama de trabalhos de poetas americanos gays do século XX. A antologia é organizada em orgem de nascimento dos poetas, de modo que mostra, gradativamente, os luminares mais antigos da cena da poesia para os novos e brilhantes poetas. Contém poemas de Ashbery, Auden, Brainard, Bronk, Duncan, Denby, Doty, Elmslie, Ginsberg, Gunn, Killian, Koestenbaum, Lansing, Mead, Merril, O’Hara, Phillips, Schuyler, Shurin, Spicer, Wieners e Williams. É Bacharel em Inglês (1989) pea Universidade Brigham Young e Mestre em Poesia (1991) pela Universidade de Houston.

Professor de inglês na William Paterson University, também deu aulas em faculdades como Hampshire College, no Cornell College, Universidade da Califórnia, Universidade da Carolina do Norte, Universidade de Michigan, na Universidade de Tulane, entre outras. Seus diários e documentos estão arquivados na Coleção Berg, na Biblioteca Pública de Nova York.

Winter

How long will the bed that we made together
hold us there? Your stubbled cheeks grazed my skin
from evening to dawn, a cloud of scattered
particles now, islands of shaving foam
slowly spiraling down the drain, blood drops
stippling the water pink as I kiss
the back of your neck, our faces framed inside
a medicine cabinet mirror. The blade
of your hand carves a portal out of steam,
the two of us like boys behind frosted glass
who wave goodbye while a car shoves off
into winter. All that went unnoticed
till now — empty cups of coffee stacked up
in the sink, the neighborhood kids
up to their necks in mounds of autumn leaves.
How months on a kitchen calendar drop
like frozen flies, the flu season at its peak
followed by a train of magic-markered
xxx’ s — nights we’ d spend apart. Death must work
that way, a string of long distance calls
that only gets through to the sound of your voice
on our machine, my heart’ s mute confession
screened out. How long before we turn away
from flowers altogether, your blind hand
reaching past our bedridden shoulders
to hit that digital alarm at delayed
intervals — till you shut it off completely.

§§§

Inverno

Por quanto tempo a cama que fizemos juntos
irá nos segurar? Suas barba por fazer roçou minha pele
da noite ao amanhecer, uma nuvem de partículas
espalhadas, agora ilhas de espuma de barbear
desce lentamente pelo ralo, gotas de sangue
pontilhando a água de rosa enquanto eu beijo
sua nuca, nossos rostos emoldurados dentro
do espelho do armário de remédios. A lâmina
da sua mão esculpe um portal de vapor,
nós dois como garotos, atrás do vidro fosco
que acenam adeus enquanto um carro vai embora
no inverno. Tudo isso passou despercebido
até agora — xícaras vazias de café em cima
da pia, as crianças da vizinhança com folhas de outono até o pescoço.
Como moscas de cozinha caem congeladas em cima do calendário de cozinha, a temporada da gripe em seu pico,
seguida por um trem de beijos em noites que passamos separados. A morte deve funcionar
desta maneira, uma série de ligações interurbanas
que só passam com o som da lua voz na nossa secretária eletrônica, exibida pela muda confissão
do meu coração. Quanto tempo antes de nos afastarmos
das flores num todo, suas mão cega
passando pelos nossos ombros acamados
para apertar aquele alarme em
intervalos — até que você desligue completamente.

Este poema está no livro “Burnt Offerings”, publicado em 1995 pela Copper Canyon Press. Tradução de Thamires Zabotto.

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